quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Filme mais quente do ano ou jogada de marketing?

Veja, Época, IstoÉ, Jornal Nacional, Fantástico. Em todos estes meios de comunicação um assunto se faz presente dia após dia, com cada vez mais força: Tropa de Elite, o filme.
Seja para falar do enredo violento baseado nas operações do Batalhão de Operações Policiais Especiais, BOPE nas favelas do Rio de Janeiro ou para discutir o suposto “vazamento” do filme na internet, antes mesmo de seu lançamento comercial nas salas de cinema, o espaço para o trabalho de Wagner Moura na mídia está garantido.
Detalhes das gravações, opiniões dos atores, produtores e diretores, entrevistas. Reportagem de capa da Época desta semana, destaque no Fantástico de domingo. E quando estréia o filme afinal?
A proporção e a fama adquirida pela produção em sua etapa de pré-lançamento supera o sucesso total de muitas outras obras já lançadas, hoje esquecidas em locadoras de filmes. Portanto, fica a dúvida: houve mesmo vazamento involuntário do filme?
Mais de um milhão de pessoas já assistiram a Tropa de Elite, em DVDs piratas ou cópias baixadas da internet, prova disto são as gírias policiais do filme, incorporadas pelos cariocas.
A primeira exibição oficial do filme aconteceu no dia 20 de setembro, no Festival do Rio 2007. Outro cinema precisou ser usado para acomodar o público. E ainda assim, é certo que um milhão de pessoas não caberiam em duas salas de cinema, mesmo que elas fossem as maiores do mundo, o que comprova a tese das inúmeras cópias piratas vendidas e baixadas da rede mundial de computadores.
Entretanto, esta porcentagem da população, que julga ter visto “o filme do ano” antes das outras pessoas, teria visto apenas partes da produção. Especulações da mídia – ou não – afirmam que as cópias ilegais não teriam trilha sonora nem finalização (o trailler do filme, nos cinemas, estampa a frase “o verdadeiro e ainda inédito”). Assim sendo, a edição completa com trilha sonora, finalização e cerca de 15 a 20 minutos mais longa do que as cópias piratas, estará à disposição do público apenas a partir do dia 12 de outubro.
Neste caso, o vazamento não poderia ter sido proposital? Uma prévia para dar o gostinho e aguçar a curiosidade? Ou mesmo criar polêmica para aumentar a audiência final? Seriam os “espertos”, que viram o filme antes, bobos disfarçados? Por que este filme e não outro (s)?
O fato é que, jogada de marketing ou não, a estratégia deu certo e chamou a atenção de grande parte da população brasileira. Inclusive, a equipe de filmagem teria sido seqüestrada por traficantes de uma favela carioca por causa da exposição de sua realidade. Esta aliás, é outra polêmica, já que circula a idéia de que a equipe estaria com uma câmera escondida e as imagens, claro, estariam disponíveis na versão original do filme. Nos cinemas.
Mais uma estratégia para encher as salas de cinema?
Jogada de marketing ou não, assistirei a uma cópia pirata do “filme do ano” ainda hoje, como prévia do oficial.