O filme cult “Paris, te amo” conta com um time de 21 diretores, entre eles Alfonso Cuarón, Gus Van Sant, Isabele Coixet, Olivier Assayas e Sylvain Chomet, além de 18 cineastas e um invejável elenco com personalidades como Juliette Binoche, Natalie Portman e Elijah Wood.
A obra tem duração de 126 minutos e é formada por 18 mini-filmes sobre adivinhem? Como já diz o título, o filme é repleto de histórias de amor. Mas, o interessante está justamente aí, não se trata apenas do amor como evolução da paixão ou como encontro carnal entre enamorados. Nesta filmografia o amor assume ares de realização, encontro, superação. Há o amor entre palhaços, entre um cego e uma artista de teatro, o amor entre pai e filha, mãe e filha e outros casos mais raros, porém não menos criativos que não irei contar aqui para não desmotivar aqueles que se interessaram ao ver o título do filme.
“Paris, te amo” não é um romance bobo e sem sentido que se encontra em qualquer blockbuster ou sala de cinema ‘pop’. A obra é mais densa que isso, capaz de nos fazer pensar, refletir sobre o sentido do amor em suas mais variadas formas, cores, lugares e sensações.
É certo que, na vida “real”, não veríamos um romance entre vampiros como é mostrado na obra, entretanto, há uma linguagem metaforizada presente em todos os episódios do filme que nos sensibiliza convidando-nos a ver o que há por trás disso, do mundo de possibilidades que a vida nos oferece. Neste caso em particular, por exemplo, não se trata do relacionamento desse casal em si, mas das formas que o amor encontra para se mostrar e propagar, mesmo quando o surgimento de qualquer sorte de sentimento pareça totalmente improvável.
“Paris, te amo” é um filme capaz de fazer chorar, rir, gritar. Seria talvez um romance tragicômico, uma comédia dramatizada ou até as duas coisas, difícil definir, isso depende dos olhos de quem vê. Um filme de apaixonados para apaixonados pela vida, “Paris, te amo” já está nas locadoras e merece ser visto por todos aqueles que desejam encontrar o amor. Em último caso, você terminará por se apaixonar por você mesmo, nada mais justo.
sábado, 27 de outubro de 2007
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Filme mais quente do ano ou jogada de marketing?
Veja, Época, IstoÉ, Jornal Nacional, Fantástico. Em todos estes meios de comunicação um assunto se faz presente dia após dia, com cada vez mais força: Tropa de Elite, o filme.
Seja para falar do enredo violento baseado nas operações do Batalhão de Operações Policiais Especiais, BOPE nas favelas do Rio de Janeiro ou para discutir o suposto “vazamento” do filme na internet, antes mesmo de seu lançamento comercial nas salas de cinema, o espaço para o trabalho de Wagner Moura na mídia está garantido.
Detalhes das gravações, opiniões dos atores, produtores e diretores, entrevistas. Reportagem de capa da Época desta semana, destaque no Fantástico de domingo. E quando estréia o filme afinal?
A proporção e a fama adquirida pela produção em sua etapa de pré-lançamento supera o sucesso total de muitas outras obras já lançadas, hoje esquecidas em locadoras de filmes. Portanto, fica a dúvida: houve mesmo vazamento involuntário do filme?
Mais de um milhão de pessoas já assistiram a Tropa de Elite, em DVDs piratas ou cópias baixadas da internet, prova disto são as gírias policiais do filme, incorporadas pelos cariocas.
A primeira exibição oficial do filme aconteceu no dia 20 de setembro, no Festival do Rio 2007. Outro cinema precisou ser usado para acomodar o público. E ainda assim, é certo que um milhão de pessoas não caberiam em duas salas de cinema, mesmo que elas fossem as maiores do mundo, o que comprova a tese das inúmeras cópias piratas vendidas e baixadas da rede mundial de computadores.
Entretanto, esta porcentagem da população, que julga ter visto “o filme do ano” antes das outras pessoas, teria visto apenas partes da produção. Especulações da mídia – ou não – afirmam que as cópias ilegais não teriam trilha sonora nem finalização (o trailler do filme, nos cinemas, estampa a frase “o verdadeiro e ainda inédito”). Assim sendo, a edição completa com trilha sonora, finalização e cerca de 15 a 20 minutos mais longa do que as cópias piratas, estará à disposição do público apenas a partir do dia 12 de outubro.
Neste caso, o vazamento não poderia ter sido proposital? Uma prévia para dar o gostinho e aguçar a curiosidade? Ou mesmo criar polêmica para aumentar a audiência final? Seriam os “espertos”, que viram o filme antes, bobos disfarçados? Por que este filme e não outro (s)?
O fato é que, jogada de marketing ou não, a estratégia deu certo e chamou a atenção de grande parte da população brasileira. Inclusive, a equipe de filmagem teria sido seqüestrada por traficantes de uma favela carioca por causa da exposição de sua realidade. Esta aliás, é outra polêmica, já que circula a idéia de que a equipe estaria com uma câmera escondida e as imagens, claro, estariam disponíveis na versão original do filme. Nos cinemas.
Mais uma estratégia para encher as salas de cinema?
Jogada de marketing ou não, assistirei a uma cópia pirata do “filme do ano” ainda hoje, como prévia do oficial.
Seja para falar do enredo violento baseado nas operações do Batalhão de Operações Policiais Especiais, BOPE nas favelas do Rio de Janeiro ou para discutir o suposto “vazamento” do filme na internet, antes mesmo de seu lançamento comercial nas salas de cinema, o espaço para o trabalho de Wagner Moura na mídia está garantido.
Detalhes das gravações, opiniões dos atores, produtores e diretores, entrevistas. Reportagem de capa da Época desta semana, destaque no Fantástico de domingo. E quando estréia o filme afinal?
A proporção e a fama adquirida pela produção em sua etapa de pré-lançamento supera o sucesso total de muitas outras obras já lançadas, hoje esquecidas em locadoras de filmes. Portanto, fica a dúvida: houve mesmo vazamento involuntário do filme?
Mais de um milhão de pessoas já assistiram a Tropa de Elite, em DVDs piratas ou cópias baixadas da internet, prova disto são as gírias policiais do filme, incorporadas pelos cariocas.
A primeira exibição oficial do filme aconteceu no dia 20 de setembro, no Festival do Rio 2007. Outro cinema precisou ser usado para acomodar o público. E ainda assim, é certo que um milhão de pessoas não caberiam em duas salas de cinema, mesmo que elas fossem as maiores do mundo, o que comprova a tese das inúmeras cópias piratas vendidas e baixadas da rede mundial de computadores.
Entretanto, esta porcentagem da população, que julga ter visto “o filme do ano” antes das outras pessoas, teria visto apenas partes da produção. Especulações da mídia – ou não – afirmam que as cópias ilegais não teriam trilha sonora nem finalização (o trailler do filme, nos cinemas, estampa a frase “o verdadeiro e ainda inédito”). Assim sendo, a edição completa com trilha sonora, finalização e cerca de 15 a 20 minutos mais longa do que as cópias piratas, estará à disposição do público apenas a partir do dia 12 de outubro.
Neste caso, o vazamento não poderia ter sido proposital? Uma prévia para dar o gostinho e aguçar a curiosidade? Ou mesmo criar polêmica para aumentar a audiência final? Seriam os “espertos”, que viram o filme antes, bobos disfarçados? Por que este filme e não outro (s)?
O fato é que, jogada de marketing ou não, a estratégia deu certo e chamou a atenção de grande parte da população brasileira. Inclusive, a equipe de filmagem teria sido seqüestrada por traficantes de uma favela carioca por causa da exposição de sua realidade. Esta aliás, é outra polêmica, já que circula a idéia de que a equipe estaria com uma câmera escondida e as imagens, claro, estariam disponíveis na versão original do filme. Nos cinemas.
Mais uma estratégia para encher as salas de cinema?
Jogada de marketing ou não, assistirei a uma cópia pirata do “filme do ano” ainda hoje, como prévia do oficial.
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Carta ao pai Branco
Pai,
Talvez hoje não seja a melhor data para te contar isso. Sei que você não ficará muito feliz com minhas palavras e decisões. Já não te vejo há tanto tempo, mas ainda te conheço, vivi debaixo do mesmo teto que você por longos 20 anos.
Pai,
Feliz dia dos pais.
Começo com uma boa notícia, o único presente que tenho a te dar já que meu salário ainda não saiu este mês: conquistei minha independência, me formo semana que vem, tenho um trabalho, aluguei um apartamento e consegui pagar a última parcela do carro que você me ajudou a comprar.
Meu querido pai, homem da minha vida, tenho mais uma coisa a te confessar. Tem mais alguém responsável pela minha felicidade agora, um segundo homem em minha vida, que me ama de um jeito diferente e tem brilho nos olhos ao olhar dentro dos meus.
Ele se chama Nero, pai. Nos conhecemos na biblioteca, onde eu finalizava mais uma etapa do meu projeto. Ele é uma pessoa muito boa, terminou ano passado o curso de Direito e está montando um escritório de advocacia. Já conheci a família dele e estou ansiosa para que ele conheça a minha. Paizinho, o Nero me pediu em casamento.
Não chore meu pai, serei sempre sua menininha. Você vai conhecê-lo, eu prometo. Mas, tem outra coisa que eu não contei sobre ele. Meu namorado é um pouco mais tostadinho pai, ele é negro.
Não posso olhar para você agora, porém infelizmente sei que você deve ter levantado as sobrancelhas daquele jeito furioso e decepcionado que costuma fazer quando não gosta de alguma coisa. Exatamente da mesma maneira que o fez quando te apresentei minha melhor amiga no colégio, a Preta. Lembro claramente da sua face rubra, franzindo a sobrancelha, cerrando os dentes e me dizendo que não deveríamos nos misturar com outras raças.
Me desculpe meu pai, não pela minha escolha, mas pelo que vou lhe explicar agora. Nós, homens e mulheres, somos todos da mesma espécie. E, ao contrário do que você sempre pensou, raças inexistem. Cientistas afirmaram recentemente, depois de longas e exaustivas pesquisas, que os humanos têm uma quantidade de genes muito próxima, todos temos mais ou menos os mesmos genes. Ou seja, nem a genética, nem a bioquímica justificam a existência do conceito “raças humanas”.
Negros, brancos, asiáticos, judeus e outros povos, ou “raças inferiores” como você costumava dizer, têm a mesma capacidade intelectual. Pai, sabe aquela moça da novela? A Camila Pitanga? Pois é, fizeram uma pesquisa com vários negros famosos, calcularam e observaram os genes dela, do Zeca Pagodinho e de outros jogadores de futebol mais escurinhos, eles descobriram que a quantidade e características deles são equivalentes as de uma pessoa branca.
Antes que você diga qualquer coisa ou quebre o lápis que está em sua mão, acredite em mim meu pai. O Nero não tem nenhuma doença, assim como a Preta não tinha, pelo contrário eles são muito inteligentes e capazes. Aliás a Preta virou atleta sabia? Tá competindo e tudo a minha amiga.
Ô Seu Branco, tá na hora de acabar com esse seu preconceito bobo. Aí onde você está meu pai, nesse lugar horrível. Você lembra por que foi parar aí? Pai, você foi preso por discriminação racial, ato preconceituoso e criminoso. Olha só o que você fez com a nossa família! A mãe tá lá, naquela clínica, já faz cinco anos, ela nunca se recuperou do trauma. Eu saí de casa ao completar 21 anos, estou bem agora, mas só Deus sabe o que eu já passei. Deus e o Nero. Aliás, meu pai, este homem tem sido um anjo em minha vida, tenho por ele um amor imenso, de pai, de irmão, de namorado.
Um amor meu pai, que poderia e, ah como eu gostaria, de dividir com o senhor. Me dá essa chance. Ou melhor, dá essa chance para você mesmo, acaba com essa mentalidade antiga e fechada. Deixa eu te dar, hoje, o único e melhor presente de dia dos pais e, talvez, o que sempre tenha te faltado. Deixa eu te dar o meu amor, pai Branco.
Beijos da tua filha, Rosa.
Talvez hoje não seja a melhor data para te contar isso. Sei que você não ficará muito feliz com minhas palavras e decisões. Já não te vejo há tanto tempo, mas ainda te conheço, vivi debaixo do mesmo teto que você por longos 20 anos.
Pai,
Feliz dia dos pais.
Começo com uma boa notícia, o único presente que tenho a te dar já que meu salário ainda não saiu este mês: conquistei minha independência, me formo semana que vem, tenho um trabalho, aluguei um apartamento e consegui pagar a última parcela do carro que você me ajudou a comprar.
Meu querido pai, homem da minha vida, tenho mais uma coisa a te confessar. Tem mais alguém responsável pela minha felicidade agora, um segundo homem em minha vida, que me ama de um jeito diferente e tem brilho nos olhos ao olhar dentro dos meus.
Ele se chama Nero, pai. Nos conhecemos na biblioteca, onde eu finalizava mais uma etapa do meu projeto. Ele é uma pessoa muito boa, terminou ano passado o curso de Direito e está montando um escritório de advocacia. Já conheci a família dele e estou ansiosa para que ele conheça a minha. Paizinho, o Nero me pediu em casamento.
Não chore meu pai, serei sempre sua menininha. Você vai conhecê-lo, eu prometo. Mas, tem outra coisa que eu não contei sobre ele. Meu namorado é um pouco mais tostadinho pai, ele é negro.
Não posso olhar para você agora, porém infelizmente sei que você deve ter levantado as sobrancelhas daquele jeito furioso e decepcionado que costuma fazer quando não gosta de alguma coisa. Exatamente da mesma maneira que o fez quando te apresentei minha melhor amiga no colégio, a Preta. Lembro claramente da sua face rubra, franzindo a sobrancelha, cerrando os dentes e me dizendo que não deveríamos nos misturar com outras raças.
Me desculpe meu pai, não pela minha escolha, mas pelo que vou lhe explicar agora. Nós, homens e mulheres, somos todos da mesma espécie. E, ao contrário do que você sempre pensou, raças inexistem. Cientistas afirmaram recentemente, depois de longas e exaustivas pesquisas, que os humanos têm uma quantidade de genes muito próxima, todos temos mais ou menos os mesmos genes. Ou seja, nem a genética, nem a bioquímica justificam a existência do conceito “raças humanas”.
Negros, brancos, asiáticos, judeus e outros povos, ou “raças inferiores” como você costumava dizer, têm a mesma capacidade intelectual. Pai, sabe aquela moça da novela? A Camila Pitanga? Pois é, fizeram uma pesquisa com vários negros famosos, calcularam e observaram os genes dela, do Zeca Pagodinho e de outros jogadores de futebol mais escurinhos, eles descobriram que a quantidade e características deles são equivalentes as de uma pessoa branca.
Antes que você diga qualquer coisa ou quebre o lápis que está em sua mão, acredite em mim meu pai. O Nero não tem nenhuma doença, assim como a Preta não tinha, pelo contrário eles são muito inteligentes e capazes. Aliás a Preta virou atleta sabia? Tá competindo e tudo a minha amiga.
Ô Seu Branco, tá na hora de acabar com esse seu preconceito bobo. Aí onde você está meu pai, nesse lugar horrível. Você lembra por que foi parar aí? Pai, você foi preso por discriminação racial, ato preconceituoso e criminoso. Olha só o que você fez com a nossa família! A mãe tá lá, naquela clínica, já faz cinco anos, ela nunca se recuperou do trauma. Eu saí de casa ao completar 21 anos, estou bem agora, mas só Deus sabe o que eu já passei. Deus e o Nero. Aliás, meu pai, este homem tem sido um anjo em minha vida, tenho por ele um amor imenso, de pai, de irmão, de namorado.
Um amor meu pai, que poderia e, ah como eu gostaria, de dividir com o senhor. Me dá essa chance. Ou melhor, dá essa chance para você mesmo, acaba com essa mentalidade antiga e fechada. Deixa eu te dar, hoje, o único e melhor presente de dia dos pais e, talvez, o que sempre tenha te faltado. Deixa eu te dar o meu amor, pai Branco.
Beijos da tua filha, Rosa.
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Anos em vão
Eu e meus problemas com números e relógios digitais e, principalmente, números em relógios digitais.
Estou sentada em um café, o que não é nada incomum. Lembro ter olhado rapidamente o relógio DIGITAL afixado em uma parede antes de começar a comer.
Comi com uma calma e paciência que não sei ao certo de onde vêm.
Saboreei cada gota de uma das maravilhas do mundo: o cafezinho.
Olho no relógio novamente e, tenho a impressão de que os números são os mesmos, como se o tempo tivesse parado. Mas, como boa cética que sou, imagino óbvia, lógica e rapidamente que o aparelho está quebrado.
Mais de repente ainda, vejo que um minuto passa, o número muda.
É um dia normal.
Entretanto, por outro lado, devo admitir que vejo algumas cenas inéditas, como numa estréia de cinema. A moça da mesa ao lado deu oi ao atendente e agradeceu ao garçom quando este lhe serviu. Isto não é absolutamente normal, não na cidade em que vivo.
O moço do caixa me deu uma lição que eu não aprendi nas escolas, faculdades e cursos da vida. "Sempre temos algo a comemorar".
Minha água tem gosto de whisky (não gosto de whisky) e o bebê da mesa à frente me olha. Levei 20 anos para assimilar uma coisa tão simples e não sei bem se isso é bom ou ruim.
Estou afoita, triste e feliz pelas minhas escolhas, mudanças, por não fumar e poder dizer não, sem hesitar, à promoção do capuccino pequeno + cigarro = capuccino grande.
Tenho medo num canto da mente e paz no coração.
Comemoro hoje a paz que me deixa leve, o amor que enche meus olhos de brilho. Um brinde às mudanças, à instabilidade, à falta de rotina, às novidades.
E finalizo aqui este "pensamento alto" e louco pegando emprestado o refrão de uma música popzinha. Aquela daquele cara que pegava a Deborah Secco.
"Brindo a casa, brindo a vida,
Meus amores,
Minha Família"
Estou sentada em um café, o que não é nada incomum. Lembro ter olhado rapidamente o relógio DIGITAL afixado em uma parede antes de começar a comer.
Comi com uma calma e paciência que não sei ao certo de onde vêm.
Saboreei cada gota de uma das maravilhas do mundo: o cafezinho.
Olho no relógio novamente e, tenho a impressão de que os números são os mesmos, como se o tempo tivesse parado. Mas, como boa cética que sou, imagino óbvia, lógica e rapidamente que o aparelho está quebrado.
Mais de repente ainda, vejo que um minuto passa, o número muda.
É um dia normal.
Entretanto, por outro lado, devo admitir que vejo algumas cenas inéditas, como numa estréia de cinema. A moça da mesa ao lado deu oi ao atendente e agradeceu ao garçom quando este lhe serviu. Isto não é absolutamente normal, não na cidade em que vivo.
O moço do caixa me deu uma lição que eu não aprendi nas escolas, faculdades e cursos da vida. "Sempre temos algo a comemorar".
Minha água tem gosto de whisky (não gosto de whisky) e o bebê da mesa à frente me olha. Levei 20 anos para assimilar uma coisa tão simples e não sei bem se isso é bom ou ruim.
Estou afoita, triste e feliz pelas minhas escolhas, mudanças, por não fumar e poder dizer não, sem hesitar, à promoção do capuccino pequeno + cigarro = capuccino grande.
Tenho medo num canto da mente e paz no coração.
Comemoro hoje a paz que me deixa leve, o amor que enche meus olhos de brilho. Um brinde às mudanças, à instabilidade, à falta de rotina, às novidades.
E finalizo aqui este "pensamento alto" e louco pegando emprestado o refrão de uma música popzinha. Aquela daquele cara que pegava a Deborah Secco.
"Brindo a casa, brindo a vida,
Meus amores,
Minha Família"
sexta-feira, 6 de julho de 2007
O porquê dos por ques
Por que exitem tantas formas de porques se no fundo o porquê deles é o mesmo por quê?
Por que que a vida começa se vai acabar? Por que que acaba quando a gente começa a achar que começou?
Por que que o céu é azul?
Por qual motivo específico as músicas ruins fazem mais sucesso, e por mais tempo, que as boas?
Por que eles traem?
Por que elas choram?
Por que elas são o sexo frágil enquanto eles temem agulhas?
Por que eles são donos da virilidade enquanto elas cuidam sozinhas de casa, filhos, trabalho e marido?
Por que que a rosa brigou com o cravo e não o cravo brigou com a rosa?
Por que aparece se vai sumir?
Por que pedir perdão sem saber onde está o erro?
Por que fugir dos problemas se eles é que deveriam fugir de nossa chatice incontrolável?
Por que tantos porques se no fundo o porquê de tudo está em nós?
Traiu porque não ama.
Fugiu porque é covarde.
É frágil porque a pureza o é.
Viril porque é cavalheiro.
Pede perdão porque perdoar é divino.
É azul porque o azul acalma, não enjoa e deve agradar aos pássaros que penetram por entre suas nuvens diariamente.
Porque a vida é curta demais para tantas perguntas, ninguém sabe tudo e muitos não sabem nada.
Piegas ou não, a razão da vida está nos porques.
Perguntas precisam de respostas e respostas se encontram, se as procurarmos cautelosa e arduamente.
O amor é um porquê.
A dor é um por que.
A vida é porque...é.
POR QUE?
Brenda Linhares
Por que que a vida começa se vai acabar? Por que que acaba quando a gente começa a achar que começou?
Por que que o céu é azul?
Por qual motivo específico as músicas ruins fazem mais sucesso, e por mais tempo, que as boas?
Por que eles traem?
Por que elas choram?
Por que elas são o sexo frágil enquanto eles temem agulhas?
Por que eles são donos da virilidade enquanto elas cuidam sozinhas de casa, filhos, trabalho e marido?
Por que que a rosa brigou com o cravo e não o cravo brigou com a rosa?
Por que aparece se vai sumir?
Por que pedir perdão sem saber onde está o erro?
Por que fugir dos problemas se eles é que deveriam fugir de nossa chatice incontrolável?
Por que tantos porques se no fundo o porquê de tudo está em nós?
Traiu porque não ama.
Fugiu porque é covarde.
É frágil porque a pureza o é.
Viril porque é cavalheiro.
Pede perdão porque perdoar é divino.
É azul porque o azul acalma, não enjoa e deve agradar aos pássaros que penetram por entre suas nuvens diariamente.
Porque a vida é curta demais para tantas perguntas, ninguém sabe tudo e muitos não sabem nada.
Piegas ou não, a razão da vida está nos porques.
Perguntas precisam de respostas e respostas se encontram, se as procurarmos cautelosa e arduamente.
O amor é um porquê.
A dor é um por que.
A vida é porque...é.
POR QUE?
Brenda Linhares
quarta-feira, 16 de maio de 2007
O SEM SENTIDO DOS SENTIDOS
[Editar] [Excluir]
[11/1/2007 09:04:11
Houve momentos em que eu quis ser surda para nâo ouvir o pranto dos oprimidos, a conversa fútil entre amigas fúteis, o ronco faminto de uma criança faminta, o comentário íntimo do casal na fila da drogaria.
Dispenso o som do medo
Não faço questão da música da desgraça penetrando em meus tímpanos
Quero o desprazer de nâo me dar conta do ruído grave da bala perdida ao encontro de sua mais nova vítima
Fico com a ausência do tilintar das sirenes de emergência da agência bancária: é um assalto Desejaria imensamente mergulhar nas profundezas de um mar infinito e nâo ter a obrigação de ouvir as penalidades musicadas na rádio
O amor é mudo
A paz está rouca
A alegria encontra-se afônica atualmente
A melodia do sorriso perdeu a popularidade
Que motivo tenho eu para ouvir?
Existiram instantes em que rezei para que minha iris fosse visível apenas aos olhos alheios e nâo me tivesse utilidade alguma
Nâo precisava enxergar, nâo almejava o dom da visâo
Torci por um altíssimo grau de miopia, presbiopia, astigmatismo e todas as inúmeras doenças capazes de atingir os olhos
O azul do céu fora transformado em cinza... um cinza que nâo me agrada
O verde da grama agora é uma mescla de marrom e preto, uma mistura escura, triste e sem vida
O colorido do arco-íris foi substituído pela mistura de cores nada harmoniosa de prédios e outdoors
Os pássaros já não voam, se arrastam tubercolosos entre árvores asmáticas
A arte já não tem cor
A rosa perdeu suas pétalas
As crianças, o brilho no olhar
Porque ver então?
Ocorreram situações em que ansiei pela mudez
Pela total e plena incapacidade de me expressar por meio de palavras
O que dizer ao menor abandonado que me pede esmola?
Que consolo dar a alguém que perdeu a dignidade?
Como semear a esperança?
Como conter a raiva em uma discussão?
Palavras são feito amor e ódio
Ora apunhalam ora afagam
Faca e pluma
Lixo e luxo
Por melhores que sejam as intenções as palavras ferem mais do que acalentam
Matam a esperança
Fazem nascer a dor
Ressucitam o medo
Abandonam a decência
Palavras para que vos quero?
Horas infelizes me fizeram torcer contra o olfato
Já não sinto mais o doce perfume das margaridas
O cheiro convidativo do bolo de laranja ficou no passado
Trocaram a fragrância da chuva, da grama, da terra molhada
Pairam pelo ar odores fétidos de rios poluídos, ratos mortos
A água de colônia da corrupção penetra violenta em minhas narinas
O odor fétido do adultério se arrasta além dos quartos de motéis
Foi-se a pétala e seu delicado aroma, ficou o espinho
O cravo adormeceu para nunca mais ser acordado
Fumaça
Gás carbônico
Nitrogênio
Clorofluorcarbono
Tietê
Lixão
Mentira
Mentira
Mentira
Não quero ver
Não quero ouvir
Não quero falar
Não quero sentir
Não quero mentir
Peco para com minha própria vontade
Peco porque minto
Minto e estou mentindo
Mentindo e mentindo novamente
Perdão
Ajoelho-me no milho se for necessário
Enxergo
Ouço
Falo
Sinto
MInto
E almejo continuar dispondo destes sentidos para ver, ouvir, falar e sentir a esperança que ainda guardo a sete chaves em meu peito
Para ver o sorriso das crianças
Para ouvir a música do amor
Para falar que sinto muito
Para sentir o cheiro do amanhã que bate em minha porta
Para não mais ter, querer ou, simplesmente, mentir
Brenda Linhares
[11/1/2007 09:04:11
Houve momentos em que eu quis ser surda para nâo ouvir o pranto dos oprimidos, a conversa fútil entre amigas fúteis, o ronco faminto de uma criança faminta, o comentário íntimo do casal na fila da drogaria.
Dispenso o som do medo
Não faço questão da música da desgraça penetrando em meus tímpanos
Quero o desprazer de nâo me dar conta do ruído grave da bala perdida ao encontro de sua mais nova vítima
Fico com a ausência do tilintar das sirenes de emergência da agência bancária: é um assalto Desejaria imensamente mergulhar nas profundezas de um mar infinito e nâo ter a obrigação de ouvir as penalidades musicadas na rádio
O amor é mudo
A paz está rouca
A alegria encontra-se afônica atualmente
A melodia do sorriso perdeu a popularidade
Que motivo tenho eu para ouvir?
Existiram instantes em que rezei para que minha iris fosse visível apenas aos olhos alheios e nâo me tivesse utilidade alguma
Nâo precisava enxergar, nâo almejava o dom da visâo
Torci por um altíssimo grau de miopia, presbiopia, astigmatismo e todas as inúmeras doenças capazes de atingir os olhos
O azul do céu fora transformado em cinza... um cinza que nâo me agrada
O verde da grama agora é uma mescla de marrom e preto, uma mistura escura, triste e sem vida
O colorido do arco-íris foi substituído pela mistura de cores nada harmoniosa de prédios e outdoors
Os pássaros já não voam, se arrastam tubercolosos entre árvores asmáticas
A arte já não tem cor
A rosa perdeu suas pétalas
As crianças, o brilho no olhar
Porque ver então?
Ocorreram situações em que ansiei pela mudez
Pela total e plena incapacidade de me expressar por meio de palavras
O que dizer ao menor abandonado que me pede esmola?
Que consolo dar a alguém que perdeu a dignidade?
Como semear a esperança?
Como conter a raiva em uma discussão?
Palavras são feito amor e ódio
Ora apunhalam ora afagam
Faca e pluma
Lixo e luxo
Por melhores que sejam as intenções as palavras ferem mais do que acalentam
Matam a esperança
Fazem nascer a dor
Ressucitam o medo
Abandonam a decência
Palavras para que vos quero?
Horas infelizes me fizeram torcer contra o olfato
Já não sinto mais o doce perfume das margaridas
O cheiro convidativo do bolo de laranja ficou no passado
Trocaram a fragrância da chuva, da grama, da terra molhada
Pairam pelo ar odores fétidos de rios poluídos, ratos mortos
A água de colônia da corrupção penetra violenta em minhas narinas
O odor fétido do adultério se arrasta além dos quartos de motéis
Foi-se a pétala e seu delicado aroma, ficou o espinho
O cravo adormeceu para nunca mais ser acordado
Fumaça
Gás carbônico
Nitrogênio
Clorofluorcarbono
Tietê
Lixão
Mentira
Mentira
Mentira
Não quero ver
Não quero ouvir
Não quero falar
Não quero sentir
Não quero mentir
Peco para com minha própria vontade
Peco porque minto
Minto e estou mentindo
Mentindo e mentindo novamente
Perdão
Ajoelho-me no milho se for necessário
Enxergo
Ouço
Falo
Sinto
MInto
E almejo continuar dispondo destes sentidos para ver, ouvir, falar e sentir a esperança que ainda guardo a sete chaves em meu peito
Para ver o sorriso das crianças
Para ouvir a música do amor
Para falar que sinto muito
Para sentir o cheiro do amanhã que bate em minha porta
Para não mais ter, querer ou, simplesmente, mentir
Brenda Linhares
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